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Sumário interativo

Galeria de Arte, Ciência e Tecnologia do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES)

Stella Savelli

Resumo: Este capítulo tem como finalidade expor a experiência realizada na Galeria de Arte, Ciência e Tecnologia do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), inaugurada em agosto de 2018. A galeria tem como um de seus objetivos oportunizar o acesso a eventos culturais que incitam um pensamento crítico e estimulam nossos alunos a frequentarem museus e centros culturais. Nela já foram realizadas quatro exposições em parceria com museus e instituições culturais e com o envolvimento de docentes do próprio INES. As exposições realizadas suscitaram reflexões e mudanças de comportamento, bem como abriram novas perspectivas profissionais para os estudantes.

Importante ressaltar que todas as exposições são permeadas com oficinas para alunos do INES sobre temas específicos e ministradas por profissionais de diversas áreas de conhecimento e instituições. A pesquisa, a elaboração, a organização e a mediação de cada exposição fazem parte do projeto de iniciação científica Acessibilidade científico/cultural com e para surdos em museus, ambientes culturais e educacionais, contemplado com bolsas do projeto Jovens Talentos da Faperj a quatro alunos do ensino médio do INES, atores importantes em cada etapa do projeto expositivo. A galeria do INES é aberta ao público e já foi objeto de pesquisa de pós-graduação, tendo em vista seu ineditismo.

Desenvolvimento do trabalho

No ano de 2010, fui convidada a trabalhar na Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – espaço cultural e de divulgação científica, onde tive a oportunidade de colocar em prática algo que já vinha estudando e tentando exercer como designer na própria UFRJ e como professora especializada em educação de surdos no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES): a acessibilidade científico/cultural.

No primeiro momento, percebi que se tratava de um desafio porque, embora a Casa da Ciência já tivesse, em seu cerne, um conceito de acessibilidade – pois o espaço se propunha a divulgar e desmistificar a ciência de maneira a aproximar os visitantes de forma criativa e estimuladora – ainda não contemplava a acessibilidade para o surdo. Na exposição O passado geológico da Terra, fiz a primeira acessibilidade em Libras, uma parceria com a faculdade de Letras da UFRJ, que cedeu o intérprete para traduzir e gravar em vídeo o conteúdo da exposição na língua de sinais. Esses vídeos foram inseridos em equipamentos móveis (Ipods) para serem disponibilizados aos visitantes surdos, para que pudessem ter autonomia na visitação.

A Casa da Ciência não dispunha de intérpretes, assim como a maioria dos museus e espaços culturais. Essa solução foi muito bem aceita, contudo não correspondeu às expectativas, pois, mesmo sendo professora do INES e divulgando ao máximo a acessibilidade disponível para surdos na exposição, percebi que ainda não era o suficiente; a acessibilidade é um conceito abrangente e vai muito além do fato de disponibilizar tecnologias que prestam ajuda.

Na exposição seguinte, Cadê a química?, inaugurada no final de 2011, trabalhei com três profissionais surdos do INES, tanto para a tradução quanto para as filmagens, ratificando a importância da identificação de surdos para com seus pares, afinal uma máxima a ser sempre seguida é: “Nada por nós, sem nós”. Passei assim a desenvolver o projeto denominado Acessibilidade científico/cultural com e para surdos. Importante ressaltar que esse trabalho teve um foco pedagógico, pois se tratava de traduzir os conteúdos científicos que, em sua maioria, ainda carecem de sinais.

Dessa forma, foi necessário contextualizar os conceitos para torná-los inteligíveis e de fácil assimilação, sem reduzir a qualidade do conteúdo original que era ofertado aos visitantes. No desenvolvimento desse trabalho, assim como na exposição anterior, a participação dos cientistas foi de suma importância para que todo o conteúdo fosse traduzido/interpretado de forma adequada.

Embora a Casa da Ciência não tivesse um mecanismo preciso de contagem de público, nessa exposição observamos um número mais expressivo de visitação de surdos. Por meio do livro de assinaturas e dos próprios mediadores, foi possível verificar tal ampliação no número de visitantes com deficiência auditiva, além de um registro significativo escrito por um casal em que percebemos que um deles é surdo:

Achamos muito interessante a exposição, em especial a questão de ter um material para os surdos. Digo isso pois Diego pôde acompanhar melhor a explicação graças ao material. Aproveitamos para parabenizar a iniciativa. Divulgaremos para outros surdos aproveitarem essa proposta tão rara em nosso país. Parabéns. Dani e Diego.

Esses fatos nos estimularam a dar continuidade e a desenvolver novas ações com esse formato.

O projeto seguinte foi realizado em parceria com o Projeto Portinari. Candido Portinari é um dos artistas brasileiros contemporâneos de maior importância. No entanto, mais de 90% de suas obras são inacessíveis, pois pertencem a colecionadores particulares. O Projeto Portinari disponibiliza para as exposições reproduções em alta resolução de uma seleção de obras sobre determinados temas, buscando aproximar o público do artista, que tinha como um de seus principais focos retratar o povo brasileiro.

Na exposição Portinari: Arte e Meio Ambiente, realizada na Casa da Ciência, em 2013, tive a oportunidade de continuar a desenvolver o projeto de acessibilidade com a profissional surda que já havia trabalhado comigo na exposição da química, a professora Vanessa Pinheiro, do INES. Sua participação revelou a importância de seu protagonismo como referência para outros surdos no ambiente científico/cultural. Esse projeto teve maior visibilidade ao ser exposto no XIV Congresso Internacional do INES/XX Seminário Nacional do INES, em 2015, no Rio de Janeiro. Todas as obras expostas continham um QRCode que disponibilizava as informações em Libras.

Esse histórico tem como finalidade ressaltar que, embora com êxitos, ainda não percebíamos um número significativo de visitação espontânea de surdos nas exposições. Sabemos que a acessibilidade vai além da colocação de recursos físicos ou tecnológicos. A pessoa com deficiência, por muitos anos, foi excluída. Muitas lutas por respeito e direitos foram vencidas, contudo ainda percebemos um número muito aquém de visitantes usufruindo desses espaços como uma opção de lazer. É claro que existem outros motivos que afastam, desses espaços culturais, o público com e até mesmo sem deficiência.

Hoje, os museus estão mais abertos e voltados não só para seus acervos, mas também para um elemento central, o visitante. Essa interação entre o que está exposto e o público transcende o valor da obra exposta, por meio da transformação do visitante a partir dela. Esse é um trabalho conjunto com os setores museal e educativo. É uma mudança de paradigma muito relevante.

 O indivíduo surdo vive uma barreira linguística em seu próprio país e, por muitos anos, sua língua materna foi renegada. Somente em 2005, a Lei nº 10.436/2002, que reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais, foi regulamentada através do Decreto 5.626. Podemos considerar muitas razões para entender o distanciamento do surdo desses espaços culturais como entretenimento de forma espontânea. Vale destacar que a visitação feita como uma atividade pedagógica junto à turma escolar é sempre muito prazerosa, contudo, as questões que se colocam são: por que não frequentar museus e espaços culturais independentemente da atividade escolar? E como tornar a ida a esses espaços uma opção de interesse espontâneo?

Essas e outras questões me levaram a buscar, dentro do INES, um espaço permanente em que fosse possível realizar exposições em parcerias com museus e diversas instituições culturais. Enquanto esse espaço ainda não existia, iniciei, junto à professora Vanessa, o projeto Acessibilidade científico/cultural com e para surdos em museus, ambientes culturais e educacionais. Por meio do edital de 2016 do Projeto Jovens Talentos, da Faperj/ Fundação Cecierj, quatro alunos do ensino médio do INES foram contemplados com bolsa de pré-iniciação científica. Esse projeto visa instrumentalizar o indivíduo surdo através de reflexões, conhecimento, análise e introdução à pesquisa e desenvolvimento de ações sobre o tema acessibilidade no contexto cultural e educacional.

A partir da construção desse conceito, pretende-se que o aluno surdo desenvolva motivações para frequentar ambientes culturais sob um olhar crítico e promover mudanças significativas nesses espaços, considerando sua importância como ator nesse processo. Em 2017, nossos alunos conseguiram o 1º lugar na XVIII Jornada de Jovens Talentos para a Ciência na área de humanas.

Em maio de 2016, foi organizado, junto à equipe de professores do Espaço de Pesquisa e Ensino de Ciências Aplicadas do INES (EsPCie A), a exposição temporária Arte e Insetos. Utilizamos uma pequena sala do próprio laboratório, solicitamos o acervo didático do Museu Nacional, imprimimos diversas obras de artistas famosos de épocas distintas que continham insetos representados, disponibilizamos um microscópio para observação de insetos, além de atividades lúdicas sobre o tema. A exposição foi um sucesso; alunos e a comunidade do INES apreciaram e deixaram depoimentos positivos no livro de visitação.

A Galeria de Arte, Ciência e Tecnologia

Em função dessas ações, a direção do INES cedeu um espaço, até então desativado e com problemas de inundação, em um dos subsolos do prédio principal do instituto, para a implementação de um espaço cultural. Com o apoio de uma equipe técnica de profissionais do INES e até mesmo de fora dele, conseguimos restaurar o espaço e fazer novas instalações para um melhor aproveitamento. Dessa forma, o espaço passou a contar com sala de aula, sala para oficinas e palestras e uma sala permanente chamada carinhosamente de sala Portinari, onde estão as reproduções das obras da exposição Portinari: Arte e Meio Ambiente, acessíveis em Libras. Além disso, há também um salão para exposições temporárias, nascendo assim a Galeria de Arte, Ciência e Tecnologia do INES, a GACT.

A exposição inaugural, em agosto de 2018, foi sobre o tema Arte & Game, um assunto muito atraente para a nova geração, pois, além de despertar curiosidade sobre as produções atuais, evoca a atenção para um mercado brasileiro promissor. O Brasil está muito bem colocado no ranking de criação de games. A exposição contou com parceiros, como alunos do curso superior de Produção Cultural do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, campus Nilópolis (IFRJ/Nilópolis), de profissionais da Octopus Game Studio (estúdio/escola voltado para a produção e ensino de jogos digitais), do paleoartista do Museu Nacional que, prontamente, emprestou três dinossauros (científicos) de determinadas localidades do mundo, de ilustradores de diferentes instituições, que cederam reproduções de seus trabalhos, e de um corpo de profissionais técnicos do INES,incansáveis nas instalações, manutenções, filmagens e edições de vídeos para a exposição e para o registro da inauguração.

Todo o trabalho de pesquisa, organização e concepção da exposição fez parte do projeto Acessibilidade científico/cultural com e para surdos em museus, espaços culturais e educacionais, em que os alunos do INES, contemplados com bolsas do Projeto Jovens Talentos, do edital de 2018, interagiram e construíram o conceito de acessibilidade na prática. Essa ideia de aproximar o indivíduo surdo desses espaços culturais a partir de seu próprio ambiente escolar tem um significado muito relevante no sentido de trabalharmos políticas públicas, divulgando ciência e cultura de forma acessível e, principalmente, construindo junto esse conceito tão complexo: acessibilidade. Os bolsistas atuaram também como mediadores.

No começo, eles ficaram um pouco tímidos, mas, no decorrer da exposição, assumiram a mediação com propriedade e demonstraram muito prazer em realizá-la. É fundamental despertar reflexões, compartilhar e construir conhecimento com nossos alunos, visando estimulá-los a serem agentes multiplicadores entre seus pares, para que, dessa forma, promovam mudanças significativas, conscientes de seus direitos.

A exposição foi composta por vários elementos tecnológicos disponíveis aos visitantes, como jogos interativos de dança e também de diversos tipos de esporte, óculos de realidade virtual, mochilas vibratórias que propiciam ao surdo maior imersão na cena do jogo, tendo em vista que o som desperta muitas sensações à medida que sua frequência é alterada. Vale destacar que muitos ouvintes tiveram a oportunidade de perceber o som sem ouvi-lo. Os ambientes expositivos foram pensados de maneira que o visitante pudesse usufruir do espaço com autonomia.

A sala Portinari ficou destinada às crianças menores, pois disponibilizava jogos digitais no Ipad, diversos tipos de brinquedos, máscaras de dinossauros de papel colorido e lápis de cor para desenhar em um grande painel preso na parede à entrada da sala. Esse formato se manteve nas outras exposições que realizamos. Diversas ilustrações de artistas brasileiros e estrangeiros foram expostas, muitas de artistas mulheres. As esculturas dos dinossauros do paleoartista do Museu Nacional foram colocadas de maneira que o visitante pudesse tocar e sentir seu tamanho e textura, provocando muito interesse.

Paralelamente à exposição, foram oferecidas para os alunos do INES diversas oficinas ministradas por profissionais de diferentes áreas e instituições e também por estudantes do curso superior do IFRJ/Nilópolis. As oficinas abrangeram temas, como confecção de óculos VR, ilustração de quadrinhos, animação/projetos criativos, projetos com Lego e mercado de trabalho no setor de games. As oficinas contemplaram alunos dos turnos diurno e noturno. Todas elas com a presença de intérpretes de Libras.

O número de visitação surpreendeu positivamente e a exposição foi prorrogada por um mês. Foi muito gratificante perceber que os próprios alunos do INES divulgavam a exposição para seus colegas, pais, parentes, professores e amigos de fora do INES. A partir desse sucesso, organizamos a segunda exposição, nesses mesmos princípios, ou seja, com a participação dos alunos/bolsistas e cada vez mais com a participação do corpo docente do instituto.

Em novembro desse mesmo ano, inauguramos a exposição Arte & África – novembro negro, com parcerias muito significativas, como a do Educativo do Museu da Escravidão e da Liberdade (MEL), que nos cedeu bonecas negras que representam a resistência africana; a do Grêmio Recreativo Escola de Samba Mirim da Vila Isabel, que prontamente nos cedeu três surdos da bateria da escola, e a do artista/inventor voluntário, que disponibilizou uma “galinha robô” que batucava instrumentos de percussão e ao mesmo tempo interagia com o indivíduo surdo através de um programa visual exibido em um monitor acoplado ao robô.

O software apresentava faixas coloridas que correspondiam a um determinado ritmo, permitindo, dessa forma, que o visitante tocasse o surdo (instrumento) junto com a “galinha robô”, podendo também utilizar as mochilas vibratórias. Outra parceria importante foi com o Núcleo de Artes do INES, que disponibilizou diversos trabalhos produzidos pelos alunos do CapINES sobre o tema, além de contribuir com objetos e vestuários africanos de diversos países.

Os alunos/bolsistas, cada vez mais envolvidos nesse contexto, fizeram diversas pesquisas de imagens, vestuários, culinária, arte, arquitetura, religião etc. Muitas imagens foram impressas e disponibilizadas nas paredes da galeria. Uma que se destacou foi a de um mapa da diáspora. Na mediação realizada pelos alunos/bolsistas, essa imagem era objeto de interesse e reflexão para eles e os visitantes. Podemos perceber, em projetos como esse, a assimilação do conceito de acessibilidade e o quanto um espaço cultural pode ser aproveitado pedagogicamente pelo seu corpo discente. Como na exposição Arte & Game, também foram oferecidas oficinas para os alunos do INES, ministradas por professores do próprio instituto e de outras instituições, sobre temas, como geografia, línguas e verbetes, destacando o número de países e línguas existentes no continente africano e suas diversas influências no Brasil.

Observamos um número crescente de visitação e o maior envolvimento da instituição. A galeria passou a ser reconhecida pelos alunos e pela comunidade do INES como um espaço científico/cultural de pertencimento. Fato que percebemos pela visitação espontânea dos alunos; inclusive, quando não havia exposição, eles perguntavam quando haveria uma nova. Vale dizer que essa conquista é bastante gradativa. Essas exposições reverberaram para outras atividades na instituição, como por exemplo, um bloco de carnaval. Os alunos tiveram muito interesse na batucada da exposição Arte & África – novembro negro. A partir disso, professoras do Núcleo de Artes propuseram aulas de percussão, ministradas por um mestre de bateria, para alunos do INES. No carnaval de 2019, fizemos um bloco dentro do instituto e alunos surdos tocaram surdo.

Em 2019, em parceria com o projeto Ilhas do Rio, inauguramos a exposição Monumento Natural das Ilhas Cagarras, na GACT. Essa exposição itinerante já estava praticamente pronta, mas a questão da acessibilidade foi levantada, pois o vídeo explicativo do projeto não disponibilizava Libras. A equipe prontamente se encarregou de inserir. Essa interação foi muito positiva e de certa forma ratificou a proposta de parcerias em que a troca de experiências enriquece o conteúdo expositivo, tornando-o acessível de modo a contemplar uma clientela que muitas vezes é ignorada nos ambientes culturais por diversas razões.

Como nas exposições anteriores, foram oferecidas oficinas para os alunos do INES tanto por profissionais do próprio projeto Ilhas do Rio como por professores de outras instituições. As oficinas muitas vezes oportunizam novas frentes de estudo, assim como perspectivas profissionais para os jovens estudantes surdos. Todas as oficinas, como já relatado, são oferecidas nos períodos da manhã e da noite. Dessa forma, os alunos do noturno, que muitas vezes são os que menos têm acesso a esse tipo de atividade, puderam usufruir dos conhecimentos científico/culturais e compartilhá-los.

 A repercussão da exposição realizada na GACT despertou interesses acadêmicos, e a exposição Monumento Natural das Ilhas Cagarras foi objeto de pesquisa da dissertação de uma mestranda da UniRio de museologia, cujo tema é a acessibilidade para surdos em museus. A pós-graduanda acompanhou todo o período da exposição observando e entrevistando surdos e ouvintes. Esse material produzido foi de grande valia para o registro do perfil e da opinião dos visitantes, um dos mecanismos para assegurar o melhor caminho a seguir, pois críticas positivas e negativas são elementos fundamentais para respaldar o projeto e aperfeiçoá-lo cada vez mais.

 A última exposição realizada no ano de 2019 foi em parceria com o Museu Ciência e Vida, da Fundação Cecierj, e abordou o tema Sustentabilidade, o que é isso?. Essa exposição foi muito similar à do Monumento Natural das Ilhas Cagarras, pois ambas abordam a preservação do meio ambiente e a interferência do homem nesse processo. Esse tema é muito atual e de extrema importância, tendo em vista que a construção dessa consciência está presente nas nossas ações cotidianas. O conceito de sustentabilidade é bastante complexo e abrangente. Na exposição, ele foi colocado de maneira prática e muito visual. O museu disponibilizou quatro equipamentos que mostravam tipos de geração de energias consideradas “limpas”, como por exemplo, hidroelétrica, mecânica e solar. O visitante poderia mexer/experimentar e perceber a energia gerada sem que os equipamentos estivessem ligados na tomada.

 Nesse período, conseguimos, pelo edital de 2019, mais dois bolsistas, do projeto Jovens Talentos. Acreditamos que o fato de os alunos terem visto seus colegas mediando as exposições anteriores tenha despertado interesse em participar. Durante a pesquisa, a organização e a montagem da exposição, foi levantada uma nova proposta de mediação, além da que normalmente era feita. Resolvemos elaborar vídeos explicativos de cada equipamento, feitos pelos próprios bolsistas. Eles foram colocados em uma televisão e disponibilizados no salão expositivo, o que oportunizou mais autonomia aos visitantes tanto surdos quanto ouvintes.

A exposição também dispunha de diversos painéis pendurados, do teto ao chão, com informações que provocavam reflexões sobre o tema sustentabilidade em diversos contextos: ambiental, político, social, educacional etc. Essa exposição mobilizou a instituição no sentido de levar adiante esse tema em ações mais efetivas e participativas, envolvendo diversos setores. As oficinas realizadas debateram questões ambientais instigando reflexões sobre as ações do homem e suas interferências, bem como o impacto delas para as gerações futuras.

Em dezembro de 2019, o projeto Acessibilidade científico/cultural com e para surdos em museus, ambientes culturais e educacionais, agora incluindo também as ações da GACT, foi apresentado na XX Jornada Jovens Talentos e, mais uma vez, nossos alunos/bolsistas ficaram em 1º lugar na área de humanas.

Conclusão

Cada exposição realizada é um aprendizado e, a partir de cada uma, podemos tirar algumas conclusões, como por exemplo, a importância das parcerias entre instituições culturais e educacionais. O ineditismo desse projeto se caracteriza por essa tipologia, ou seja, o acesso à divulgação científica e cultural dentro de um espaço educacional, através da interação com museus e centros culturais, assim como pela participação de jovens estudantes e pesquisadores. Acreditamos que, quanto mais cedo estimularmos a presença participativa do público nesses espaços, especialmente da comunidade surda,  estaremos formando cidadãos críticos e conscientes de seu papel na transformação de uma sociedade mais justa e diversa, superando barreiras e exercendo seus direitos.

Um pequeno vídeo sobre as exposições realizadas está disponível no canal do Youtube da Galeria de Arte, Ciência e Tecnologia do INES – GACT (https://youtu.be/gyNGTJxcmf0).

Em 2020, mais exposições em parcerias estavam previstas, no entanto, a pandemia causada pela COVID-19 nos obrigou a adiar a realização delas. Esperamos, contudo, dar continuidade ao projeto da GACT assim que for possível.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.

COHEN, R.; DUARTE, C.R.S.; BRASILEIRO, A. B. H. Acessibilidade a museus:Cadernos Museológicos,v. 2. Brasília: IBRAM, 2012.

DEVALLON, J. Comunicação e sociedade: pensar a concepção da exposição. In: A. MAGALHÃES; R. BEZERRA; S. BENCHETRIT (orgs.). Museus e Comunicação. Rio de Janeiro: Livros do Museu Histórico Nacional, 2010.

TOJAL, A. F., et al. Caderno de Acessibilidade. Reflexões e Experiências em Museus e Exposições. São Paulo: Expomus, 2010.

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