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Sumário interativo

Caminhos para uma divulgação científica acessível no Museu da Geodiversidade (IGEO/UFRJ)

Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro; Damiane Daniel Silva de Oliveira dos Santos; Priscyla Gonçalves Ferreira Barbosa; Tatiana de Castro Barros da Fonseca; Daniel Monteiro Pereira; Nathally de Almeida Rosário; Marcia Cezar Diogo; Eveline Milani Romeiro Pereira Aracri e Adriana Vicente da Silva

Resumo: Neste capítulo compartilhamos a experiência vivenciada pelo Museu da Geodiversidade (IGEO/UFRJ) ao atuar no desenvolvimento de estratégias e metodologias relacionadas à acessibilidade, utilizando recursos de baixo valor financeiro e firmando parcerias internas e externas à universidade. Essa foi uma iniciativa impulsionada por um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que, em sete anos de execução, conseguiu desenvolver diversas ações com a participação ativa da equipe e dos discentes da universidade dos mais diversos cursos.

Dentre as ações, destacam-se sensibilizações e capacitações da equipe através de oficinas e cursos de extensão, formação continuada, roteiros de mediação adaptados, atividades educativas acessíveis e inclusivas, mobiliário adequado, recursos sensoriais e de comunicação. Com isso, pretende-se reduzir ao máximo as barreiras atitudinais, comunicacionais, arquitetônicas, metodológicas, instrumentais e programáticas para que todos os visitantes possam aprender nesse espaço científico-cultural e desfrutar dele de uma maneira equitativa.

Breves considerações sobre o Museu da Geodiversidade e acessibilidade

O Museu da Geodiversidade (MGeo) foi criado em 2007, está vinculado ao Instituto de Geociências (IGEO) e localiza-se na Ilha do Fundão, Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua criação teve como objetivo contribuir para a preservação de uma parte da história do planeta Terra e a divulgação da importância dos elementos que compõem a diversidade geológica para a sociedade. Ao atuar na divulgação científica – em especial, das Ciências da Terra –, o MGeo tem buscado possibilitar a compreensão de por que, onde e como ocorrem os terremotos, furacões, vulcões e as mudanças climáticas, de forma acessível e lúdica. Em outras palavras, tem procurado retratar a história geológica da Terra, aproximando-se da sociedade por meio das relações que o homem trava com os elementos da geodiversidade (CASTRO, 2011; 2012).

A exposição Memórias da Terra é a principal exposição do Museu da Geodiversidade e pode ser classificada como de longa duração. Essa característica da exposição nos dá tempo para pensar e articular diferentes ações de acessibilidade para o seu conteúdo e o seu ambiente. A exposição foi inaugurada em setembro de 2011 e, desde a sua concepção, possui um circuito linear, além de contar com rampas nos pequenos degraus. Além disso, após análise conjunta com os curadores da exposição quanto às condições de conservação, parte do acervo foi liberada ao toque para os visitantes (CASTRO, 2011; 2012).

O circuito expositivo busca contar a história do nosso planeta e dos seres vivos que nele habitam e habitaram ao longo do tempo. Tempo é outro conceito abordado com muita profundidade. Ao percebermos sua magnitude, nos damos conta do quanto somos recentes no planeta e também frágeis. Precisamos cuidar desse planeta, pois outros organismos maiores e mais fortes já viveram nele por mais tempo que nós e acabaram extintos. Para contar essa história, o museu se utiliza de uma narrativa cronológica e expõe um acervo composto de fósseis, minerais, rochas, meteoritos e reconstituições diversas em tamanho real, contextualizadas pelos ambientes em que esses seres viveram ou esses elementos se formaram. Em muitos aspectos foram utilizados recursos estéticos e tecnológicos para atrair a atenção do nosso público e continuar a sedução através da rica e interessante história da Terra (CASTRO, 2011; 2012).

O trabalho do Museu da Geodiversidade (MGeo), no que tange à acessibilidade e à inclusão, tem se concentrado em ultrapassar as barreiras existentes em nossos espaços, sejam elas correspondentes às dimensões arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal definidas por Sassaki (2007) ou, conforme Viviane Sarraf destacou em apresentação realizada do curso de Educação Museal no Museu Histórico Nacional, em (2020), abrange os aspectos mais voltados para o campo dos museus: desenho universal, acessibilidade física; comunicação acessível; acesso à informação livre de barreiras; acessibilidade atitudinal; divulgação; avaliação e participação.

Para nós, não é possível afirmar que o Museu da Geodiversidade (ou qualquer outro) seja um museu totalmente acessível. É importante buscarmos a acessibilidade o tempo todo, ainda que em meio às dificuldades financeiras e aos parcos recursos humanos que o museu possua. É claro que, dependendo das características de cada museu – se é público, se é privado, sua tipologia temática ou museológica, entre muitos outros aspectos –, haverá interferência nas possibilidades de investimento em tudo, inclusive na disponibilidade de recursos para a acessibilidade. Contudo, o mais importante é possuir uma equipe que esteja motivada a tornar o museu acessível e a fazer o que for possível para que aquele espaço possua a menor quantidade de barreiras possível e seja inclusivo (CASTRO, 2014).

O objetivo deste trabalho é compartilhar a experiência vivenciada no MGeo, tendo como incentivo o projeto de extensão intitulado Um museu para todos: adaptação da exposição “Memórias da Terra” (Museu da Geodiversidade – IGEO/UFRJ) para inclusão de pessoas com deficiência, que, em sete anos de execução, atuou fortemente no desenvolvimento de estratégias, recursos e metodologias relacionados à acessibilidade, utilizando baixo orçamento e estabelecendo parcerias internas e externas à universidade.

A articulação entre a extensão, discentes e parcerias para alcançar os resultados

Uma parte relevante do processo em busca da acessibilidade tem sido a constante formação de uma equipe interdisciplinar com discentes dos cursos de Terapia Ocupacional, Geografia, Geologia, Arquitetura, Computação, Letras-Libras, Comunicação Social e Comunicação Visual; além de museólogos, educadores e docentes que atuam em diversas frentes de trabalho. Esse trabalho multidisciplinar é rico pelos resultados possibilitados, mas, sobretudo, para a formação dos discentes que podem interagir em um espaço museal e dialogar com outros estudantes de diferentes cursos. Os discentes que participam como extensionistas do projeto se tornarão profissionais diferenciados, pois dificilmente teriam contato com uma experiência como essa exclusivamente cursando as disciplinas da graduação.

O projeto supracitado teve no ano seguinte à sua criação a participação de alunos bolsistas do Programa de Fomento da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ. Há dois anos, passou a contar com a participação de alunos não bolsistas na equipe por conta da integralização de créditos da extensão nos cursos de graduação da UFRJ. A participação de discentes como extensionistas proporciona uma formação integral, reflexiva, ética e solidária, pois o projeto de extensão visa oferecer uma experiência rica em aportes teórico-práticos por meio da indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão e na dialogicidade com o público externo à universidade (FORPROEX, 2012).

Diversos resultados foram alcançados até o momento e serão mencionados de forma resumida, pois optamos por fazer um apanhado geral de diversas iniciativas. Estar vinculado a um ambiente que propicia a experimentação e pesquisa, como é a universidade, sem dúvidas possibilitou o desenvolvimento de instrumentos e estratégias que estão em constante avaliação e reformulação, se necessário.

Uma das vertentes de trabalho corresponde à produção de recursos sensoriais, como o mapa tátil do ambiente expositivo (em parceria com o Laboratório de Modelos 3D e Fabricação Digital – Lamo 3D, da FAU/UFRJ), ferramentas e jogos táteis relacionados às geociências; globo sensorial com informações em diferentes texturas, vibração e temperatura elaborados para uma melhor fruição do patrimônio científico e cultural.

Devido à falta de padronização de recursos, como o mapa tátil de localização, diversos protótipos vêm sendo desenvolvidos com diferentes materiais pensando alcançar maior usabilidade. O globo sensorial vem sendo repensado à medida que diversos grupos e pessoas expõem suas experiências com tal instrumento. Tais recursos são desenvolvidos com o objetivo do público em geral ter experiências sensoriais mais amplas (FONSECA, 2018). Mudanças metodológicas nas visitas mediadas também são avaliadas constantemente para um melhor diálogo entre os educadores culturais e os visitantes.

No que tange à dimensão comunicacional, ações como a produção de textos e legendas em braile vêm sendo inseridas de diversas formas com o objetivo de compreender sua funcionalidade dentro do espaço expositivo. O uso da escrita simples e objetiva tem sido aprofundado também no conteúdo e na mediação, principalmente com o público com deficiência intelectual e neurodiversidade.

Outra iniciativa consiste na pesquisa de um aplicativo que disponibiliza conteúdos acessíveis: vídeos-Libras, audiodescrição, imagens, animações e vídeos. Esse aplicativo está em desenvolvimento em parceria com o Laboratório de Realidade Virtual (Lab3D/COPPE/UFRJ) e até o momento foi possível desenvolver conteúdo para o módulo “Mares do passado”, da exposição Memórias da Terra. Funciona a partir da ativação de marcadores distribuídos pela exposição e utiliza como recurso a realidade aumentada. Dessa forma, um surdo, ao ver uma explicação em Libras sobre um determinado acervo, pode visualizar a peça e o intérprete ao mesmo tempo, utilizando a câmera do dispositivo.

Foram realizados diversos testes, tanto com especialistas de usabilidade e acessibilidade como com o público surdo, nos quais foram feitas várias observações sobre o aplicativo, contribuindo para a sua melhoria (BARBOSA, 2018). O projeto demonstrou-se viável, mas demanda o envolvimento de muitas pessoas de diferentes áreas do conhecimento para dar conta da produção de conteúdo de forma textual, em Libras e audiovisual. Uma das contribuições desse projeto foi a formulação de uma metodologia validada para o desenvolvimento de um aplicativo acessível que poderá ser replicada para os outros espaços do museu. O objetivo atual é atuar na captação de recursos externos para dar continuidade ao desenvolvimento.

Para algumas atividades desenvolvidas há a necessidade de aprofundamento e dedicação dos nossos alunos, como a criação de roteiros específicos para as visitas mediadas, nos quais eles aprendem a realizar a descrição do ambiente e do acervo e a voltar a atenção dos visitantes para os objetos que podem ser tocados, bem como a oferecer uma mediação menos voltada para conceitos científicos e situações abstratas, quando essa é uma especificidade do visitante, em especial de crianças e jovens com deficiência intelectual e/ou transtornos globais do desenvolvimento.

Início da descrição: Imagem dividida em duas partes. À esquerda está uma maquete tátil. Sua base na horizontal contém areia, arbustos de plástico e duas representações do Carodnia vieirai (mamífero que viveu após a extinção dos dinossauros). Na vertical, a réplica do céu com fundo azul em cartolina e nuvens brancas em algodão; abaixo uma montanha verde de material plástico. A legenda possui fundo de papel amarelo, letras pretas ampliadas, revestidas de acetato com escrita braille, onde se lê: Carodnia – A Era dos Mamíferos. Abaixo, estão as texturas da maquete relacionadas às palavras céu; nuvem; arbusto e montanha. Na imagem à direita, há duas pessoas manuseando a maquete com as mãos. Fim da descrição.
Figura 1: Imagem de uma das maquetes táteis existentes na exposição sendo manuseada por uma visitante durante uma mediação. Fonte: Arquivo do Museu da Geodiversidade, 2017.

A visita mediada é uma atividade educativa que busca conectar público e exposição a partir do diálogo. Como uma instituição de divulgação científica, o MGeo objetiva que – durante a mediação – o público possa construir saberes a partir do lúdico e da diversão para que o interesse pela ciência seja algo prazeroso. Com o uso de recursos didáticos diversificados durante as visitas acessíveis, podemos seguir a curiosidade do visitante como elemento norteador, permitindo às pessoas terem uma melhor fruição pelo espaço, potencializando que cada um possa se aproximar de questões das ciências da Terra de maneira única e individualizada. Ao término da mediação, são realizadas rodas de conversas com os visitantes, buscando avaliar a visita para termos conhecimento das estratégias que funcionaram e também quais são os desafios a serem superados.

Início da descrição: Foto de uma visitante de costas para câmera tocando uma rocha cinza no módulo “Mares do passado”. A rocha é grande, com largura próxima a uma pessoa de braços estendidos, áspera e com muitos furos. Ao fundo, há um painel com águas cristalinas. Fim da descrição.
Figura 2: Fotografia de uma visitante tocando um estromatólito, acervo em exposição no Museu da Geodiversidade. Fonte: Arquivo do Museu da Geodiversidade, 2017.

O esforço em oferecer visitas mediadas em Libras para os alunos dos ensinos fundamental e médio, praticando a interação dialógica, interculturalizada e social com a comunidade surda, é outro desejo buscado pelo Museu da Geodiversidade. No começo da experiência, os discentes do curso de Geologia e áreas afins ocupavam o papel de mediadores e o aluno do curso de Letras-Libras era o intérprete. Porém, este método não trouxe vantagens, pois os alunos surdos durante a mediação voltavam a sua atenção apenas para o intérprete (aluno de Letras-Libras), pois era o único que dominava Libras na equipe. A interação, a narrativa e as perguntas sobre a exposição eram direcionadas ao intérprete, e não ao mediador de Geologia, criando, assim, um ruído de comunicação entre os pares presentes.

Essa experiência mostrou ao MGeo que ter uma mediação adaptada para Libras não cria relações de prazer e de vivências com o público dessa língua visual. Nesse sentido, para reverter o quadro que se apresentou, o intérprete ocupou também o lugar de mediador, tendo o apoio dos demais mediadores para auxiliar em dúvidas mais específicas sobre o acervo e a exposição.

Essa nova proposta de trabalho demandou ao aluno do curso de Letras-Libras aprender sobre a temática do museu: geodiversidade, patrimônio geológico e geociências de modo em geral, para poder realizar, com segurança, a mediação. Enquanto não atingirmos nosso objetivo de ter um surdo na equipe, que seria a condição ideal, esse parece ser o caminho. Em nossas conversas com o público após a mediação, o retorno dos surdos foi positivo, pois passou a haver a possibilidade de conversa direta com o mediador bilíngue (Libras/Português) de forma espontânea, criando relações interculturais com este, num processo que se desloca em performances visuais e criativas entre ouvintes e surdos em contextos educacionais e sociais (CAMPELLO, 2008).

Início da descrição: Foto no módulo “Primeiros americanos”. Ao fundo, um grande painel com o rosto de Luzia, uma mulher negra, de cabelos e olhos castanhos. À frente do painel, com o corpo virado para a câmera, está Daniel, mediando em Libras e dois jovens com o rosto desfocado ao seu lado. À sua frente e de costas para a câmera estão dois jovens. Todos estão em pé. Fim da descrição.
Figura 3: Fotografia de uma mediação realizada em Libras. Fonte: Arquivo do Museu da Geodiversidade, Aline Castro, 2016.

Outra ação que podemos destacar no projeto é a conscientização, sensibilização e capacitação ofertadas através de oficinas, escutatórias e cursos de extensão. O objetivo é apresentar a realidade das pessoas com deficiência, as necessidades estratégicas e preparar o ambiente para receber e atender ao público com deficiência, visando ampliar a experiência da acessibilidade atitudinal. Semestralmente realizamos uma capacitação dos mediadores e de toda a equipe do museu com o objetivo de oferecer subsídios técnicos para as questões referentes à acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência no museu.

Essas sensibilizações vêm sendo realizadas também em eventos institucionais, como as Semanas de Integração Acadêmica (SIAc) da UFRJ, o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), o Encontro Nacional de Acessibilidade Cultural (EnAC), a Semana de Capacitação dos Mediadores do MGeo e as conversas sobre acessibilidade em ambientes culturais.

Ressaltamos que, em todos esses eventos e processos construtivos das atividades, contamos com a colaboração e parceria de docentes do curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da UFRJ durante as fases de planejamento, execução e avaliação dessas iniciativas.

A equipe do MGeo vem buscando uma formação continuada em acessibilidade cultural. Nos anos de 2013 e 2019, dois membros da equipe do MGeo concluíram o curso de especialização em Acessibilidade Cultural da UFRJ, colaborando com o diagnóstico de acessibilidade e com discussões sobre estratégias para a mediação de crianças e jovens com deficiência intelectual na exposição Memórias da Terra (CASTRO, 2014; SANTOS, 2019). No ano de 2015, o MGeo foi o museu-escola da segunda turma do curso, cujos resultados dos trabalhos contribuíram significativamente para a acessibilidade da exposição.

Além de buscarmos atender ao lema “Nada sobre nós, sem nós”, inserindo a pessoa com deficiência em todos os processos de uma ação, e não apenas na validação final, estas ações são concebidas de modo transdisciplinar e articulado, pois envolvem não só profissionais, graduandos e pós-graduandos de áreas diversas como também laboratórios de diferentes setores dentro e fora da universidade. Elas são fruto do debate entre a equipe e as demandas da sociedade, que se consolidaram na premissa de que as iniciativas estejam disponíveis para todos os visitantes, ainda que tenham sido pensadas para atender a uma necessidade específica. Sempre que for possível, atender a todos de forma integrada, evitando segregar as pessoas com deficiência do restante do grupo e também entre si.

Ter uma equipe comprometida com essas questões é fundamental, mas é necessário também mudar a forma de trabalhar para incluir esses aspectos em todos os processos. Nos últimos anos, a equipe do Museu da Geodiversidade vem se deparando com inúmeros desafios no campo da acessibilidade, como o de aumentar a demanda por visitas de pessoas com deficiência ao museu, num processo de formação de público.

O museu localiza-se em uma região de difícil acesso por meio de transporte público e possui um público de entorno imediato limitado à comunidade universitária. O horário de funcionamento do museu é de segunda a sexta, das 9h às 17h, abrindo antes ou permanecendo aberto até mais tarde (20h) mediante solicitação antecipada através dos meios de comunicação oferecidos pela instituição. No entanto, acreditamos que o fato de não ser possível abrir o museu aos finais de semana dificulta a visita de quem trabalha ou estuda em horário comercial.

Também é importante destacar a atuação do MGeo junto ao Fórum Permanente UFRJ Acessível e Inclusiva, bem como na Câmara II – De Assuntos Acadêmicos e na Câmara de Acessibilidade do Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônios (SIMAP), o que demonstra o desejo de se trabalhar em conjunto com as demais instâncias da universidade e que a acessibilidade tem se tornado uma pauta recorrente na universidade.

Todas as ações apresentadas neste trabalho contaram com a participação das pessoas com deficiência ainda durante o processo, contribuindo para o resultado alcançado até o momento. Ainda não conseguimos ter uma pessoa com deficiência na equipe do museu, nem como servidora, nem como aluno bolsista ou curricular do projeto. Não foi por falta de desejo e de tentativas. Mas isso também nos leva a refletir que ainda são poucos os alunos e servidores com deficiência na universidade e que também não é fácil localizá-los. Ao mesmo tempo, também constatamos que não é porque a pessoa tenha alguma deficiência que ela deseja trabalhar e estudar sobre ela em um espaço museal.

Considerações finais

A equipe do Museu da Geodiversidade tem trabalhado para dar continuidade às ações em meio aos desafios. Temos a consciência de que é muito difícil atender plenamente às necessidades de todas as realidades existentes, mas nos esforçamos ao máximo para garantir o direito que todos possuem de ter autonomia e protagonismo nos espaços culturais e de divulgação científica.

Desde a criação do projeto de extensão em acessibilidade até os dias de hoje, constatou-se que há empenho e predisposição da equipe do MGeo em viabilizar a efetiva participação das pessoas com deficiência. Dessa forma, buscamos ultrapassar, aos poucos, as barreiras em busca de uma comunicação acessível. O compromisso com a universidade pública e de qualidade se faz, a cada dia, mais importante e mais consciente da necessidade da divulgação científica e cultural.

Há ainda muito a se realizar nessa trajetória denominada inclusão, porque incluir não é uma tarefa fácil, é um processo longo e contínuo e nem sempre os resultados numéricos agradam aos gestores. Contudo, não buscamos números, mas sim contribuir para que nossa sociedade seja menos excludente e garanta o direito pleno à ciência, à cultura e aos museus.

Referências

BARBOSA, P. G. F. Acessibilidade em museus: um estudo de caso para apoiar a visita espontânea de surdos com o uso da realidade aumentada. Dissertação (Mestrado em Informática) – Departamento de Informática Aplicada, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Rio de Janeiro, 2018. 176 p. Disponível em: http://nau.uniriotec.br/index.php/orientacoes/mestrado/271-acessibilidade-em-museus-um-estudo-de-caso-para-apoiar-a-visita-espontanea-de-surdos-com-o-uso-da-realidade-aumentada. Acesso em 29 jan. 2021.

CAMPELLO, A. R. S. Aspectos da visualidade na educação de surdos. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/91182/258871.pdf?sequence. Acesso em: 29 jan. 2021.

CASTRO, A. R. de S. F. de; GRECO, P. D.; PEREIRA, E. M. R.; DIOGO, M. C.; CARVALHO, I. S. O Museu da Geodiversidade (MGEO – IGEO/UFRJ) nos desafios da sociedade contemporânea. In: CARVALHO, Ismar de Souza; SRIVASTAVA, Naendra Kumar; STROHSCHOEN JR., Oscar; LANA, Cecília Cunha Lana (orgs.). Paleontologia: cenários de vida, v. 4. Rio de Janeiro: Interciência, 2011, p. 829-842.

CASTRO, A. R. de S. F. de; MANSUR, K. L.; GRECO, P. D.; PEREIRA, E. M. R.; DIOGO, M. C.; CARVALHO, I. S. A museografia como ferramenta para a divulgação das Geociências: a experiência do Museu da Geodiversidade (MGeo – IGEO/UFRJ). In: HENRIQUES, M. H.; ANDRADE, A. I.; QUINTA-FERREIRA, M.; LOPES, F. C.; BARATA, M. T.; PENA DOS REIS, R.; MACHADO, A. (orgs.). Para aprender com a Terra, v. 2. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012, p. 185-193.

CASTRO, Aline Rocha de Souza Ferreira de. Caminhando em direção ao museu inclusivo:diagnóstico de acessibilidade da exposição “Memórias da Terra” (Museu da Geodiversidade – IGEO/UFRJ) com o mapeamento das intervenções necessárias. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Acessibilidade Cultural) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. 101 p.

FONSECA, T. C. B. Terapia ocupacional e cultura:experiência em acessibilidade cultural no Museu da Geodiversidade(IGEO/UFRJ). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Terapia Ocupacional) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. 74 p. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B4DHuharoHIvQWVHVUVvTXpuWkRTNjlNT2F2YV94RnYwdFZB/view. Acesso em: 29 jan. 2021.

FORPROEX. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras. Política Nacional de Extensão Universitária. Porto Alegre: UFRGS/Pró-Reitoria de Extensão, 2012.

SANTOS, D. D. S. O. Estratégias para mediação de crianças e jovens com Deficiência Intelectual no Museu da Geodiversidade (IGEO/UFRJ). Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Acessibilidade Cultural) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. 59 p.

SASSAKI, R. K. Nada sobre nós, sem nós: da integração à inclusão: parte 1. Revista Nacional de Reabilitação, ano X, n. 57, p. 8-16, jul./ago. 2007.

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